Questões fiscais ainda favorecem a entrada de leite de outros estados em São Paulo, o maior consumidor; produção deste ano deve aumentar de 2% a 3%.
São Paulo – O Estado de São Paulo é o maior mercado consumidor e mais visado pela indústria leiteira, o que acarreta divergências fiscais entre os produtores desta e de outras regiões. Neste cenário, cooperativas paulistas investem na agregação de valor para garantirem a competitividade no setor.
É o caso da Cooperativa Nacional Agro Industrial (Coonai), localizada no município de Brodowski, próximo de Ribeirão Preto, que tem o faturamento anual de R$ 30 milhões com leite pasteurizado e está investindo R$ 2 milhões em uma planta industrial e equipamentos, cerca de 7% da receita.
“Neste primeiro momento, vamos apostar no engarrafamento, ao contrário da embalagem de saquinho utilizada até então, porque as garrafas têm mais adesão no mercado regional e ajudam a quebrar o mito de que o produto estraga no dia seguinte da compra”, conta o vice-presidente da unidade, Marcelo Barbosa Avelar.
Este tipo de medida tem o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP) entidade que, segundo o gerente de desenvolvimento de mercados, Marcelo Barroso, fomenta não só a agregação de valor entre os produtos, como o ganho de eficiência e gestão, visto que a resolução tributária parece não estar próxima.
Guerra fiscal
“O nível de consumo paulista é tanto que acabamos importando o leite de outros estados, porém, há incentivos fiscais que favorecem a entrada deste produto e acabam reforçando a cadeia produtiva de outros estados”, explica o gerente da Sescoop.
Para Barroso, a consequência é a geração de uma “competitividade artificial” que beneficia as indústrias de fora, mas não tem a ver com maior eficiência produtiva.
A exemplo disso, o executivo da Coonai destaca que o leite UHT chega de Minas Gerais aos municípios paulistas que ficam no entorno da rodovia Anhanguera, como Ribeirão Preto, praticamente com o mesmo valor da matéria-prima produzida em São Paulo. “O problema não é o nível de arrecadação para o estado, mas se não houvesse esse favoritismo, toda a cadeia produtiva paulista seria fortalecida”, critica Avelar.
Entretanto, o presidente da Câmara Setorial do Leite e Derivados e da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, lembra que o estado também já conquistou desonerações onde era possível, como no ICMS do produto in natura e na taxa de defesa agropecuária, concedida na última segunda-feira (15), pelo governador Geraldo Alckmin.
“A guerra fiscal é algo que existe e, de fato, atrapalha todos os estados porque tem várias maneiras de ser vista. São Paulo é um dos mais prejudicados, mas temos que reconhecer que o governo tem ajudado com desonerações que beneficiam principalmente os pequenos produtores”, completa Rubez.
Fonte: Contábeis